12 Orient Express dos trilhos aos mares

Orient Express dos trilhos aos mares

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O maior iate à vela do mundo está em construção na França e deve cair n’água em 2026. Com projeto náutico inovador, leva a assinatura Orient Express, autoridade em combinar velocidade, conforto e luxo – muito luxo.

Nem toda marca de luxo tem o poder de evocar, ao mesmo tempo, uma imagem, uma sensação, uma aura e um desejo. A centenária Orient Express, composição de trens com vagões excepcionalmente decorados e serviço de primeira classe, é certamente uma delas. O comboio foi inaugurado em 1883. Entre idas e vindas – e, sejamos justos, com a ajuda de Agatha Christie, autora do best-seller “Assassinato no Expresso Oriente” –, sua fama resiste há 140 anos como símbolo da experiência máxima de viagem sobre trilhos.

 

É mais ou menos por isso que o anúncio de um iate com o savoir-faire Orient Express tende a mexer com o ritmo cardíaco de qualquer aficionado por viagens – e por luxo. A Accor, empresa de hospitalidade por trás da marca, pretende lançar a embarcação no verão de 2026. O maior e mais sofisticado iate à vela do mundo ganhou o nome de Orient Express Silenseas e carrega uma respeitável lista de atributos para garantir milhas e milhas de dolce vita a bordo. Preparado para as descrições? Serão 220 metros de comprimento, com capacidade para acomodar, no máximo, 120 passageiros nas exclusivas 54 cabines de 70 m2. A suíte presidencial é generosa: tem 1.415 m2 com um terraço privativo de 530 m2. São duas piscinas, dois restaurantes, um bar speakeasy, um anfiteatro e um estúdio de gravação particular. No verão europeu, o iate vai navegar pelo Mediterrâneo, com paradas estratégicas que incluem Portofino, Capri e Saint Tropez. No inverno de lá, deve seguir para os mares do Caribe.

 

O projeto de construção naval é francês, da Chantiers de l’Atlantique, e promete ser inovador. Com sistema de propulsão híbrido, deve combinar energia eólica com um motor de última geração impulsionado por gás natural liquefeito – que deve ser substituído por hidrogênio verde, segundo a empresa, assim que a tecnologia for regulamentada para esse tipo de embarcação. Abertas, as três velas rígidas têm, cada uma, 1.500 m2 de área de superfície, suspensas por mastros de 100 m de altura. Em dias de clima favorável, elas se responsabilizam por 100% da propulsão do iate e podem contar com a ajuda do motor quando necessário. A empresa acredita que o Silenseas vai se tornar uma referência de projeto ecologicamente correto no mercado de construção naval. Certamente vai se tornar referência no mercado de turismo náutico também.

 

Será que Georges Nagelmackers, criador do Orient Express, poderia imaginar que seus trens seguiriam por outras rotas? O ano era 1867 quando o engenheiro belga, neto de um banqueiro, embarcou em um luxuoso transatlântico na Europa, rumo a uma jornada de descobertas nos Estados Unidos. Ele queria conhecer melhor os trens noturnos da linha Pullman e entender por que tinham fama de desconfortáveis, principalmente para as mulheres, que sentiam falta de privacidade. Viajou pelo país durante meses, explorando também hotéis, restaurantes, teatros e clubes privé. De volta ao lar, passou a projetar trens com três palavras em mente: velocidade, luxo e conforto. O lendário comboio ia de Paris, na França, a Istambul, na Turquia, transportando aristocratas, nobres e famosos, em ambientes com painéis de madeira cheios de detalhes em marchetaria. A linha transformou-se em destino-desejo e fez as viagens de trem mudarem de patamar. No mar, a experiência não deve ser diferente. Que 2026 chegue rápido.

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Foto: Orient Express/Divulgação