03 Bom quadro: Fernanda Feitosa e o novo mercado de arte brasileiro

Bom quadro: Fernanda Feitosa e o novo mercado de arte brasileiro

Arte

Após um período de retração, as aquisições voltam a movimentar o mercado de arte, consagrando novos hábitos de consumo e perfis de colecionadores e consultores de arte.

Se em 2020 o mercado global de arte enfrentava uma severa retração – a pior registrada na última década, por culpa da pandemia da covid-19 –, o ano de 2022 deu continuidade à retomada iniciada em 2021. Segundo dados dos relatórios anuais da Art Basel, maior feira de arte do mundo, em parceria com a consultoria financeira global UBS – e um dos principais balizadores do mercado –, 2022 fechou com 67.8 bilhões de dólares (equivalente a mais de 320 bilhões de reais) em vendas. O valor é cerca de 3% maior do que os 65.9 bilhões de dólares (cerca de 315 bilhões de reais) registrados no ano anterior.

 

O colecionismo cresce no Brasil e, ano a ano, consagra novos perfis de compradores – seja pelo impulso da crescente atuação do país no mercado global, ou pela presença de diferentes (e novos) players no mercado latino- americano, o qual cresce exponencialmente, alavancado, sobretudo, pela atuação brasileira. Segundo Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP-Arte, o colecionador brasileiro contemporâneo tem perfil variado. “Há aqueles cujo acervo reflete a produção de artistas já consagrados, que marcaram a história da arte, e há os colecionadores que buscam articular e construir a sua coleção em torno de um determinado conceito ou forma de expressar um retrato do presente, ou seja, o chamado zeitgeist”, comenta.

  • Fernanda Feitosa é fundadora e diretora da SP-Arte, feira que acontece desde 2005 em São Paulo.

    Fernanda Feitosa é fundadora e diretora da SP-Arte, feira que acontece desde 2005 em São Paulo. Fernanda Feitosa é fundadora e diretora da SP-Arte, feira que acontece desde 2005 em São Paulo.

Foto: Divulgação/Sp-Arte

Se a participação do colecionador brasileiro está em franca ascensão no mercado de arte, o mesmo não se pode dizer da relevância dos artistas nacionais em coleções, instituições de arte e feiras ao redor do mundo. “Apesar da altíssima qualidade e importância histórica, a presença de artistas do Brasil ou de outros países da América Latina se mostra aquém do seu merecido reconhecimento em relação à produção global”, analisa Feitosa, às vésperas da abertura da segunda edição da “SP–Arte Rotas Brasileiras”, que acontece de 30 de agosto a 3 de setembro na capital paulista. A feira conta com a participação de 70 galerias brasileiras que apresentam uma curadoria de projetos feita especialmente para o evento.

 

Outro ponto de destaque no mercado nacional é o despertar para a importância das consultorias de arte. “Esse é um profissional relativamente recente no processo de desenvolvimento do mercado brasileiro, mas extremamente importante, porque atua tanto na formação de novos colecionadores quanto na profissionalização e institucionalização de coleções de arte já existentes”, diz. A consultoria de arte colabora, ainda, no fomento de jovens artistas junto aos colecionadores, e o motivo é que, mesmo entre os entusiastas da arte que já estão há anos desenvolvendo seu acervo, não é fácil acompanhar a velocidade e a diversidade da produção global. “Contar com um time de art advisors pode ser decisivo para manter uma coleção atualizada”, sugere a empresária.