O astro italiano Marcello Mastroianni decorava falas enquanto se barbeava pela manhã, dialogando com fitas cassete gravadas com a ajuda de seu motorista. Durante sua fase beatnik, o poeta americano Allen Ginsberg morou em um apartamento sem banheiro e habituou-se a fazer a barba na cozinha. Júlio César tomou decisões políticas que influenciariam o futuro do Império Romano enquanto tinha parte da barba removida com pinças (consta que era seu método favorito). Fazer do barbear um hábito capaz de adicionar charme à biografia é para poucos. Pensando bem, justamente por ser diária, a rotina de grooming deveria ganhar total atenção.
Está aí uma das razões para o sucesso da Lorenzi Milano, a grife italiana fundada como cutelaria em 1929 e que agora produz pequenos tesouros da rotina matinal. A loja na Piazza Filippo Meda, a poucos passos da Duomo, em Milão, atrai uma clientela de distintos gentlemen. O negócio criado pelo patriarca Giovanni tem origem na região de Val Rendena, a oeste de Trentino, onde a família Lorenzi levou adiante a tradição dos amoladores de facas (chamados de moleta), transformando-a mais tarde em um bazar de utensílios metálicos fincada em uma rua elegante, porém até então pouco conhecida: a Via Montenapoleone, atual meca do luxo contemporâneo na Itália.
Foto: Lorenzi Milano/Divulgação
Hoje sob o comando do neto Mauro, a casa Lorenzi oferece de tudo: do estojo para charutos no valor de R$ 140 mil a lixas de unha que transitam na faixa dos R$ 100. Quem deseja uma motivação a mais para sair da cama bem cedo pode gostar do set de escovas de barbear com base de madrepérola e modernas navalhas Gillette Fusion com design old-fashioned, ambas protegidas por um discreto domo de vidro. Ou então dos elegantes “apertadores” de pasta de dente com acabamento metálico.
Como mostra a imagem ao lado, há porta-tesouras, escovas, vaporizador de perfume. Todos os utensílios são feitos à mão na Itália. Com foco em matérias-primas naturais, como osso, madeira, bambu e até mesmo mármore Portoro ou de Carrara, os produtos são feitos para serem duradouros e atemporais, tanto em estilo quanto em qualidade. Assim como são produzidos a partir de técnicas artesanais passadas de geração em geração, devem idealmente passar de pai para filho depois de adquiridos – pelo menos essa é a expectativa de Mauro Lorenzi. Em tempo: sobre o uso de recursos naturais, o empresário atesta que os trata com o máximo respeito. “Viemos, afinal, das montanhas, onde nada é desperdiçado. Ainda tenho uma faca feita pelo meu avô; é símbolo de uma parábola familiar”, finaliza.